OceanAir, TAP e fundo americano entram na disputa pela Varig

21/10/2005 - 20h17m
Erica Ribeiro - O Globo
Globo Online

RIO - A companhia aérea portuguesa TAP e o fundo americano Matlin Patterson formalizaram nesta sexta-feira interesse pela proposta do BNDES de participar de uma sociedade de propósito específico (SPE), com financiamento de 2/3 pelo banco e 1/3 de dinheiro novo na companhia.

As duas propostas serão apresentadas na segunda-feira à Justiça americana pelo chefe de departamento do BNDESPar José Claudio Aranha e pelo advogado Durval Soledade, que integram a comitiva que irá a Nova York apresentar ao juiz da Corte de Falências Robert Drain a proposta do banco para salvar a Varig.

Durante evento da Fecomercio, no Rio, o presidente do Conselho de Administração da Varig, David Zylbersztajn, havia confirmado que o empresário German Efromovich, dono da companhia aérea OceanAir e da Marítima Petróleo e Engenharia, havia "entrado no jogo". Segundo Zylbersztajn, um consultor da OceanAir esteve no BNDES para fazer uma proposta pela Varig, mas o executivo preferiu não comentar detalhes do investimento ou se ele seria parcial ou total.

A assessoria do BNDES confirmou que German Efromovich entrou em contato com o banco manifestando interesse pela proposta para a Varig. Como a proposta do empresário ainda não foi formalizada, não será apresentada na audiência.

Com as novas propostas de investimentos, a Varig eleva para seis o número de propostas de interessados em salvar a companhia. Os planos já em discussão em assembléias de credores são o da comissão executiva, que prevê a venda das subsidiárias VarigLog e Varig Engenharia e Manutenção (VEM); o dos Trabalhadores do Grupo Varig (TGV/Apvar), uma espécie de ajuste ao plano apoiado pela diretoria da empresa; e o do Grupo Docas, do empresário Nelson Tanure.

Na opinião de Zylbersztajn, o dia 24 será "o dia D" para a Varig, uma vez que a empresa informará à Corte de Falências de Nova York dos planos da empresa para voltar a ser competitiva, desta vez com a participação do governo via BNDES. Para Zylbersztajn, o planejamento da Varig "se torna mais robusto" com a entrada do plano do BNDES. Ainda segundo o executivo, a companhia aérea deverá pagar o equivalente a US$ 6 milhões às empresas de leasing americanas como amortização da dívida total de US$ 63 milhões.

Na audiência com o juiz americano também será pedido mais prazo para que a Varig possa pagar a dívida total com o leasing de aviões, suspendendo o risco de ver retomadas aeronaves que hoje estão em operação.

Estarão presentes na audiência com o juiz da Corte de Falências de Nova York, Robert Drain, o presidente da Varig Omar Carneiro da Cunha, o integrante do Conselho de Administração da Varig, Eleazar de Carvalho, além de técnicos do banco.

Zylbersztajn também comentou que a Varig está finalizando um plano de gerenciamento, como parte do processo de recuperação, que prevê o corte de US$ 160 milhões em custos. O plano prevê redução de gastos com combustíveis, remanejamento da frota e o corte de 13% dos 12 mil funcionários que, segundo o executivo, será feito em longo prazo com conclusão prevista para 2007. Zylbersztajn não descartou a possibilidade de criação de um Plano de Demissão Voluntária (PDV) como parte do corte de pessoal.

Estiveram presentes ao evento da Fecomercio, nesta sexta-feira, o secretário de Estado de Turismo do Rio e presidente da TurisRio, Sergio Ricardo de Almeida, membros do Conselho de Turismo da Assembléia Legislativa e empresários do segmento.

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